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O que é Esperança?

O que é esperança? - Psicóloga Elisa Gouvêa
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Resolvi escrever este texto trazendo minha visão sobre o que é esperança em homenagem ao centenário do educador Paulo Freire (1921-1997), no último dia 19.

“A esperança é um condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela, não haveria História, mas puro determinismo. Só há História onde há tempo problematizado e não pré-dado. A inexorabilidade do futuro é a negação da História”

Paulo Feire

Coincidentemente me reencontrei com essa frase um dia antes do centenário de nosso querido Patrono da Educação, Paulo Reglus Neves Freire.

A esperança é algo sobre a qual venho refletindo muito ultimamente e minhas últimas leituras também têm me instigado a pensar sobre ela.

Esperança não é sobre esperar algo. A espera é passiva, não é mobilizadora.

Esperança, de esperançar, é um sentimento particular do ser humano. É apenas porque temos esperança, que conseguimos criar.

Esperançar e criar é conseguirmos imaginar um futuro, ainda no presente (importante: tendo como base nosso passado! A história é feita de mudanças e permanências).

Muitas vezes perdemos as esperanças porque não nos foi permitido, no passado, imaginar um futuro.

Se não há esperança, como diz Freire, há determinismo. Nos conformamos com o estado das coisas e não nos implicamos no mundo. Nos distanciamos do fato de que a história humana é feita por nós humanos, e que, por isso, temos a possibilidade de construir algo novo.

Ela nos permite pertencer no mundo.

No processo terapêutico, a esperança é indispensável. Precisamos ter esperança de que temos dentro de nós os recursos para sairmos de uma situação de sofrimento.

Não há processo terapêutico mágico que funcione sem uma dose de esperança!

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, ter esperança não significa ingenuidade.

Significa termos otimismo nas nossas ações, sem anular a existência das dificuldades, das contradições, das crises, dos obstáculos, do que já está posto como condição histórica.

A esperança nos mostra, como nos diz Bertold Brecht, no poema “Nada é impossível de mudar“:

Nada é impossível de mudar

Desconfiai do mais trivial,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito
como coisa natural.
Pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural.
Nada deve parecer impossível de mudar.

Bertold Brecht

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